Empresas especializadas no setor financeiro têm mais de 20 anos de atividade; crime é investigado pelo Banco Central, pela Polícia Federal e pela Polícia Civil de São Paulo (Por Lucas Agrela) - foto reprodução -
Alvo de um ataque hacker que tem impacto estimado em R$ 1 bilhão, a C&M Software é uma empresa fundada em 1999 por Orli Machado e presta serviços para empresas, como a integração de instituições financeiras ao Pix, sistema de pagamento instantâneo do Banco Central (BC). A C&M comunicou o ataque à sua infraestrutura tecnológica na noite de terça-feira, 1º, informando que foi afetado o sistema de seis instituições financeiras. O ataque deu acesso a contas de reserva de outras empresas, como BMP e Credsystem.
Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o ataque foi de, pelo menos, R$ 800 milhões e já é considerado um dos maiores do setor financeiro brasileiro. O BC confirmou o ataque, mas não informou os valores envolvidos no episódio. O crime ainda é investigado pelo BC, pela Polícia Federal e pela Polícia Civil de São Paulo. Fontes do mercado estimam que o prejuízo possa chegar a R$ 1 bilhão.
A C&M Software tem sede em Barueri (SP), conta com cerca de 250 profissionais e, desde 2015, também tem escritório em Miami, nos Estados Unidos. Com outros especialistas, Machado foi um dos consultores informais durante a criação do Pix. Por sua especialização na integração ao Pix, a empresa auxiliou também na criação do FedNow nos EUA, uma espécie de versão americana do Pix.
A C&M Software foi a primeira empresa a obter autorização do BC para prestar serviços de processamento de dados ao setor financeiro e já atendeu cerca de 400 clientes. Entre eles, há nomes como o Bradesco, fintechs, corretoras de investimentos e cooperativas de crédito. A empresa diz deter 23% de participação nesse segmento.
De acordo com a empresa, a C&M Software utiliza estruturas do sistema de pagamentos Pix dentro do padrão de qualidade ISO20022, estando em conformidade com os padrões do BC. Desde o ano passado, a empresa mira a Colômbia como um novo mercado para transações instantâneas aos moldes do Pix.
O ataque hacker direcionado à C&M Software teria permitido o acesso a contas reservas de seis instituições financeiras, sendo duas delas a BMP e a Credsystem.
Procuradas, a C&M Software e a Credsystem não retornaram os contatos da redação até publicação da reportagem. O espaço está aberto para manifestação.
A BMP informou que, ao detectarem o ataque, a C&M Software foi imediatamente desconectada do ambiente do Banco Central. As autoridades competentes, incluindo o próprio BC, conduzem uma investigação sobre o ocorrido.
“Reforçamos que nenhum cliente da BMP foi impactado ou teve seus recursos acessados. No caso da BMP, o ataque envolveu exclusivamente recursos depositados em sua conta reserva no Banco Central. A instituição já adotou todas as medidas operacionais e legais cabíveis e conta com colaterais suficientes para cobrir integralmente o valor impactado, sem prejuízo a sua operação ou a seus parceiros comerciais”, informou a BMP, em nota.
Localizada na Av. Paulista, em SP, a BMP é outra prestadora de serviços para o setor financeiro. Segundo a própria empresa, ela tem 280 parceiros, processa R$ 15 bilhões em transações bancárias e R$ 1,5 bilhão em operações de crédito por mês. Entre os parceiros, estão nomes como Linx, Shopee, BTG Pactual, iFood e Cielo.
Entre os serviços, a BMP oferece conta digital sem marca que pode ser contratada por empresas que queiram uma solução praticamente pronta para ser utilizada.
A companhia foi fundada em dezembro de 1999 com o lançamento da Credicarro.com.br, plataforma para financiamento de veículos, e se autointitula a primeira fintech do País. A empresa tem autorização do BC para atuar como instituição financeira desde 2009. Ela também atua no mercado financeiro na estruturação de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs).
Já a Credsystem foi fundada em 1996 e tem sua origem no varejo, segmento no qual é especialista para a oferta de soluções financeiras. Com sede em Barueri, a empresa já emitiu 44 milhões de cartões para clientes de varejistas desde a sua fundação. (Fonte: Estadão)